segunda-feira, 22 de março de 2010

*-*

O seu toque comprometia os meus sentidos anestesiados, num desvairo de prazer absoluto que poderia fazer com que a noite ardesse, desvanecendo com as chamas do dia que brilhava através dos meus olhos. Olhos felizes como os de uma criança, e loucos como os de um poeta ébrio que ofega de insanidade ao sentir os lábios dela premerem contra os seus.
Era uma tarde cinzenta, embora isso ñ significasse que a luz do dia emoldurasse a peculiaridade do seu rosto, amaciado por um sorriso singelo, o qual se embelezava cada vez mais quando os seus olhos meigos reluziam em compasso com os batimentos do coração puro. Eram olhos escuros, mas poderiam refletir tudo de bom que o mundo já perdera.

A pele era morena, exalante de calor, como amêndoas ao sol. E a rua parecia obscurecer quando os seus cílios se deitavam sobre o seu olhar, obstruindo aqueles OLHOS, e sem podermos vê-los, parecia que a Terra (e até a própria Lua cintilante) perdera a mais imaculada das belezas que poderia trazer esperanças de que nela ainda se podia ser feliz.. Sonhos, como eles estão presentes em quase tudo, principalmente quando a expectativa e a felicidade nos consomem a solidão que sempre volta quando as portas da despedida se fecham dentre o termino daquela antiga noite de sexta-feira.
Ela manda um beijo apaixonado da janela de seu quarto, e não existe momento mais entorpecido do que aquele. As mãos soam ao aparar o beijo no ar, as pernas estremecem como se estivessem prontas para erguerem vôo, e os olhos relaxam com o delirante e sumo propagar de uma estocada única de paixão. Contraditório esse sentimento, pois ele explode, ao passo que flutuamos suavemente pelas nuvens, em vez de explodirmos juntos, como pipocas quentes que se sapecam na panela: querendo saírem, mas se vêem premidas uma conta a outra, intensificando o calor..

escrito por : B.Junior

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